sexta-feira, 17 de julho de 2015

Ensaio para um Mundo Melhor

Fizeram algumas marcas no chão, como se estivessem se preparando para algo.
Um dos participantes tropeçou, atingindo o solo e foi assim que tudo começou.
A platéia soltou um grito de dor, cantarolando com a sonoridade do baque feito pela colisão entre o palco e o rapaz.
Um dos participantes saiu de posição e se pôs a ajudar o companheiro. Parou ao seu lado e estendeu uma das mãos.
Ouviu-se alguém gritar ao fundo:
-Meu deus! Que lindo!
O ator caído levantou uma das mãos e agarrou o braço do companheiro de palco, que o ajudou a levantar, contraindo os ombros.
A platéia estava eufórica. Alguns gritavam, enquanto outros estavam em pé, batendo palmas.
Os dois amigos, de mãos dadas e levantadas para que todos pudessem ver, estavam no centro do palco e completamente iluminados pelo show de luzes que o palco proporcionava.
Todos lutavam para ver o que acontecia, não queriam perder um segundo daquele sentimento que absorviam dos atores.
Por fim, o rapaz dirigiu uma das mãos ao bolso e dele tirou uma flor, entregando ao companheiro, que aceitou de bom grado, expressando a completa e fugaz sensação de ajudar alguém.
A platéia delirou por alguns segundos, bateram palmas, assoviaram, bateram nas cadeiras e assoviaram mais um pouco.
As cortinas se fecharam.
Apagaram as luzes.
Os rapazes soltaram as mãos.
Um deles amassou a flor e jogou no chão escuro.
Removeram as marcas do chão.
Era apenas um ensaio.

- Lágrimas de Gasolina




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