quinta-feira, 11 de julho de 2013

Cebolas por Cebolas

Ele olhou para o baixo, nervoso.
Naquela altitude, o vento frio e cortante era o menor de seus problemas.
De repente, toda sua determinação parecia se esvairir de seu corpo com a fluidez de um Yakult derramado.
Será que era o certo?
Será que era o caminho?
Apoiou sua nuca contra o parapeito do prédio, feito com mármore gélido. Pombas mordiscavam o outro lado do terraço, enquanto as nuvens perdiam-se em meio ao límpido céu azul de Forster.
Em meio ao caos que era sua mente, a lucidez abriu espaço, e o homem viu nascer em seu ombro uma pequena criatura.
Primeiro ela mostrou-se curvada, mas aos poucos começou a adotar uma postura ereta, como uma flor desabrochando.
Sua pele não era de nenhum tom tradicional. Era algo indefinido entre vermelho ou azul, o pobre homem só não sabia diferenciar, pois tinha toda a gama RGB limitada por um daltonismo nunca antes identificado.
A miniatura abriu um pequeno sorriso, e iniciou seu diálogo:

- Faça, aproveite o momento. Sinta cada sensação como se fosse única, sinta cada toque como um fragmento do céu. Cada beijo como uma gota de mel.E as consequências, se forem consequências e não apenas lembranças, serão recebidas de braços abertos, braços abertos e orgulhosos por terem vividos apaixonadamente um momento jamais imaginado, e jamais arrependido.


E nesse momento, o homem apenas acenou com a cabeça, pois sabia que era o que tinha de ser feito, compreendia, e aceitava que era o primeiro passo para a extinção do mal.


Apoiou a Sniper no parapeito do prédio, regulando o zoom, e deu início assim, a sua chacina pessoal.


- Dedos Azuis

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