"Ele são nossos amigos, filho. Eles vão nos levar para um lugar melhor, querido."
Pai e filho andavam de mãos dadas em meio àquela multidão de faces pálidas. Já fazia algum tempo que a comida estava escassa e o solo estava morto.
As criaturas observavam de cima todo aquele emaranhado de humanos. Estavam armados, trajavam armaduras e empunhavam armamento de ponta. Os humanos haviam perdido a guerra.
Algumas das naves pairavam por de trás do muro. Outras vinham dos céus.
"Papai, o que são essas casinhas?"
Os humanos faziam filas para adentrar as câmaras. O homem apanhou seu filho e o segurou em seus braços.
"Estas são as nossas novas casas, onde iremos morar e seremos muito felizes, querido."
Um homem careca que estava na frente deles, se recusou por alguns instantes a entrar na câmara. Uma das criaturas que guardavam suas portas o empurrou para dentro. As portas se fecharam, um raio de luz cortou as frestas da porta. A porta se abriu novamente.
Um cheiro de queimado adentrou as narinas do pequeno Alef.
"É a nossa vez papai, vamos."
O homem sabia que era e também sabia o que aconteceria em seguida. Aquele cheiro de queimado era o cheiro embuçado da morte.
Segurou o pequeno Alef com força e deu um passo a frente.
Uma das criaturas deu-lhe um tapa no peito, outra o segurou pelos ombros e uma terceira arrancou Alef de seus braços.
Gritou, mas era tarde. E com um pontapé, foi empurrado para dentro da câmara. A porta se fechou e tudo que pôde ouvir foram os gritos de terror de seu filho, vindos do lado de fora da câmara.
Um raio de luz cortou as frestas da porta.
- Lágrimas de Gasolina
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