Ela já esteve com ele, mas agora esta com o outro.
E agora tudo está bem, tudo está correto. O coração não pulsa dislexo como antes, disforme como já fora. É algo estável, algo concreto. Algo bom.
Mas existe um abismo tão grande entre o bom e o destino. Entre um roqueiro e um ilustrador.
Com o roqueiro, a vida é contínua, alegre, engraçada. Mas só o ilustrador tem o lápis certo para cada momento, a cor que seu coração deseja para aquele milésimo de segundo.
O roqueiro fará da sua vida um festival de Indy Rock. O ilustrador te pegará pela mão e dançará uma valsa sem melodia, sem som. Uma dança descompassada, porém única.
O roqueiro tem aquele sorriso brilhante, fofo, que cativas mesmo o mais insensível coração. Mas o que ela sempre quis foi um sorriso torto, de um ilustrador cafajeste. Um sorriso de um minuto. Um amor de um minuto. Como o amor de um ilustrador.
Como é possível amar alguém que nos faz chorar? Isto nem ilustrador nem roqueiro saberá responder.
Se devemos amar ao próximo, o amor é uma opção. Então por que não escolher o melhor?
O ilustrador nunca vai ser o melhor para ela. Ele é apenas o que ela precisa.
Mas o roqueiro é a base, a estrutura, o conforto da segurança. É saber que o amanhã andará como deves andar, meticulosamente registrado, detalhadamente construído. O roqueiro verá a vida como a sifra de uma música.
O ilustrador… Ah, o ilustrador. Este é um caso perdido, convenhamos. Discorre por momentos incertos, dias aleatórios, fatos únicos e jamais imaginados. Todos os planos se resumem a felicidade, e seus adornos são improvisos momentâneos. O ilustrador vive a vida como um desenho sem esboço, com erros de nanquim, traços sobre traços, linhas incertas, riscos sem nexos.
E como um coração escolherá o ilustrador? Como, por razão ou emoção, alguém escolherá o ilustrador?
- ninguém nunca amará o ilustrador – disse o ilustrador.
Mal sabia ele que a roqueira o amaria. Mas ele nunca vai ser o melhor para ela. Ele é apenas o que ela precisa.
- Dedos Azuis
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