terça-feira, 4 de junho de 2013

Independencia

Meus miolos, já podres, escorrem pelos meus ouvidos.

Os vermes comem o que resta da minha força de vontade e o resto de comida que prende-se por entre meus dentes.

Os ratos roem os estilhaços do meu bom senso e defecam alienação e estupidez.

As baratas marcham entre minhas entranhas apodrecidas devido a claridade exalada pela televisão.

Meus globos deslizam pelas orbitas e atingem o chão, tentando evitar mais alguns segundos de sofrimento.

A luz acende. Minha mãe entra no quarto. Abre a janela.

“Vamos, vá viver brincar lá fora.”

E saiu.

Apaguei a luz. Fechei a janela.

“Eu não preciso sair. Eu tenho meus vermes programas, minhas baratas noticias, minha sujeira novela e a minha podridão própria diversão.”

Me sentei e continuei assistindo à televisão.

Meus dedos necrosavam deliciosamente, minhas pernas atrofiavam e meus dentes putrificados, despencavam da minha boca e atingiam o solo seguido por gotas de sangue negras e mal cheirosas.

“É lindo não acha?”

“O que?”

“Não depender de ninguém para se divertir.”

- Lágrimas de Gasolina

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