domingo, 26 de maio de 2013

Mariposas

Sempre gostei de mariposas.
Leves, tênues. Sempre voando, fugindo da escuridão.
Sempre aparecendo à noite. Elas vinham e pousavam na cabeceira da cama.
Mariposas me lembram a minha infância. A televisão ligada, planando sobre a tela, assistindo comigo. Minhas eternas companheiras.
Elas estavam lá, quando esbocei meu primeiro sorriso. Elas estavam lá, quando chorei pela primeira vez.
Elas fazem parte de mim e eu, faço parte delas.
Hoje, minhas pernas doem. Meus rosto, envelhecido. Mas elas estão aqui comigo. Elas nunca envelheceram.
Tranco a porta. Me deito com as minhas amigas. Únicas, queridas.
O velho se arrumou na cama e suspirou, sereno, aliviado. As mariposas, estáticas, aguardavam.
Na manhã seguinte,a camareira bateu na porta. Sem resposta, adentrou o quarto, espantou as milhares de borboletas que lá estavam e deu inicio ao processo de limpeza.
Nenhuma mariposa, nenhum hospede.
Apenas borboletas. Coloridas e felizes borboletas.
Leves, tênues. Sempre voando, fugindo da escuridão.
- Lágrimas de Gasolina

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