terça-feira, 14 de maio de 2013

Escolher

A luz amarelada ofuscava minha vista. Tão forte, mas tão fraca, a pequena lâmpada balançava de um lado para o outro, no fino fio que a prendia ao teto de madeira.

Tentei acalmar minha respiração. Minhas costelas estavam marcando até mesmo minha suja camiseta. Resultado de quatro dias sem comer. Minha boca sangrava, minha pele estava ressecada. Resultado de quatro dias sem água. Minhas roupas estavam amassadas, rasgadas, suadas. Resultado de quatro dias sem tomar banho, sem trocar de roupa.

As tábuas de madeira do piso, as tábuas de madeira do teto; todas apontando e rindo de minha situação, de minha angústia.

Há quatro dias meu poder aflorou. Foi a primeira vez. 

Me tranquei no sotão desde então. Não sairía, não sairía. Não por enquanto

“Com grandes poderes, vem grandes responsabilidades”, disse uma vez o tio de um colega meu.

Como, então, sair do sotão sem saber se voltarei meus poderes para o bem ou para o mal? Como sair sem saber? Onde esta, então, a responsabilidade de meus poderes? Preciso decidir, preciso decidir. Bem ou Mal?

Eu não sou totalmente Mau. Não, não sou. Mas estou longe de ser Bom.

Por um lado tem o bem. Proativo, bondoso, acolhedor. Viver de maneira simples para dar o conforto ao próximo. Por outro existe o mal. Egoísta, egocêntrico, conquistador. Viver de maneira esbanjadora, infinitas riquezas, infinitos falsos amigos.

Existe céu, inferno. Anjos, demônios. Bem, mal. Agora só me resta escolher o que ser.

Escolhi ser um pato.

- Dedos Azuis

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