terça-feira, 14 de maio de 2013

Abismo


Uma das três crianças segurou a minha mão e apontou para frente.

Olhei para sua face e em seguida, para frente.

Contemplei a visão que a criança me 
direcionava.

Vi crianças brincando, sorrindo e gritando. 
Pássaros voando, cantando e fazendo piruetas no ar. Vi a grama e as flores. Vi a vida em seu estado mais puro e inocente.

A visão desapareceu.

A criança soltou a minha mão, fez um gesto de repugnância e saiu de perto.

A segunda criança se aproximou e segurou a minha mão, porem desta vez ela não fez gesto algum, não tive visão alguma. As coisas continuaram da maneira como estavam. Uma sensação de comodidade me dominou.

Senti um leve arrepio e a sensação desapareceu.

Uma lágrima escorreu do rosto do garoto e fazendo um gesto para a terceira criança, pediu que ela se aproximasse.

Ela se aproximou e as outras duas crianças se foram, desapareceram.

O garoto sorriu, olhou para meu rosto. Ele segurou a minha mão e apontou.

Senti uma leve dor, como se parte de mim estivesse me abandonando, um vazio se aproximava.

Uma visão veio logo em seguida.

Não havia pássaros, nem flores. Apenas a escuridão e o abismo que se aproximava.

- Lágrimas de Gasolina

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