domingo, 19 de maio de 2013
Cíclico
Aquele corredor infinito e branco, e infinitamente branco, se estendia
em uma gigantesca cobra, ondulando sem parar. Enquanto eu corria,
as criaturas transitavam de um lado para outro. As cabeças de animais
pendendo dos corpos pálidos.
Patos e Porcos. Cães e Cabras. Macacos e Mamões. Cabeças que
terminavam em camisetas e shorts brancos. E corriam para todos os
lados, grunhindo e zumbindo.
Aquele corredor comprido e claro. Tremia como um gigantesco celular
vibrando. Pessoas com feições animalescas caminhavam ao meu lado.
Por cima das camisetas e shorts branco, pessoas com orelhas de
macaco e bocas de pato, com nariz de cachorro e olhos de cobra.
Aquele corredor iluminado. As luzes brancas piscavam. Ao meu lado
caminhava meus colegas internos. Com suas roupas de manicômio,
até pareciam animais.
O enfermeiro trouxe o pequeno copo transparente com as duas
pílulas avermelhadas dentro. Tristemente tomei o seu conteúdo.
Aquele corredor infinito e branco, e infinitamente branco…
- Dedos Azuis
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