Apontaram para mim, disseram que meus contos eram um ultraje aos bons costumes.
Disseram que eu não podia continuar de tal maneira sem sofrer as consequências impostas pelos alienados.
Tranquei-me por dezessete horas em meu quarto, abstinente de qualquer resquício da vida terrena.
Refletindo sobre mim e meus atos. Me pus de castigo.
Eu e meus textos, contra o mundo e os malditos alienados, os verdadeiros zumbis da realidade.
Não sou uma pessoa fantasiosa, sei da realidade e como as coisas são.
Não sou prepotente, sei dos meus limites.
"Limites."
Isso é o que me prende.
Coloquei as mãos no espelho e fitei aquela face obstinada pela eternidade e pelas ilimitações que ela propunha.
Soquei o espelho, espancando o meu ser e o reflexo dele. Eu odeio aquilo.
Soquei tudo e todos. Soquei os bons costumes na boca do estomago. Escarrei na face dos alienados. Deixei meu sangue pingar sobre a cara da sociedade e a sociedade sorriu em aprovação.
Riram, brindaram e gritaram sobre a queda de outro ilimitante e consagraram em aceitação pelo mais novo membro da sociedade alienada.
Apanhei os cacos do chão. O mundo me limitava.
Cortei ambos os pulsos e senti a eternidade me preencher.
Venha, oh eternidade.
E foi no ultimo instante do ultimo suspiro em que aquele pensamento surgiu.
"E quando a não-alienação se torna uma especie de alienação?"
Mas era tarde.
E fui abraçado pela a eternidade e suas outras limitações:
A morte.
- Lágrimas de Gasolina
Nenhum comentário:
Postar um comentário