quinta-feira, 9 de maio de 2013
Loucura
Eu não sorria, sorrir é para os loucos.
A pequena Ana vinha, com um desenho feito giz nas mãos e me mostrava.
Não tinha tempo para bobeiras. “Não me atrapalhe”
Eu não amava, amar é para os loucos.
Carol chegava do salão. Passava a tarde inteira se arrumando para que eu a amasse mais, mas eu não
reparava nisso, não respondia seu boa noite. Só um beijo seco.
Eu não chorava, chorar é para os loucos.
Minha mulher e minha filha saíram de carro para comprar meu presente de aniversário e morreram em um horrível acidente.
O que eu fazia? Eu trabalhava, era um intelectual. Sentimentos são para os loucos.
Tenho 60 anos. Estou sentado em minha cadeira de balanço.
Sorrio assistindo novela.
Choro olhando para fotos.
E amo sem limites um passado que nunca existiu, pelo simples fato de eu ter enlouquecido tarde demais.
- Dedos Azuis
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