domingo, 12 de maio de 2013

Limões

Quando eu era pequeno eu quebrei um pé de limão.

Na verdade, eu e meu primo o matamos, mas a ideia foi minha.

O limoeiro nunca me perdoou. Seu espírito me seguia, obsessor. Me ameaçava, tirava meus sonos. Tentava me matar.

Ao longo dos anos nos desvinculamos, e ele parou de me atormentar.

“Não dá mais, desculpa! Eu sempre vou te amar… Mas não dá mais…”
O bilhete amarelado jazia sorrindo em cima da cama. Minha esposa fora embora durante a noite.

Peguei o carro e dirigi até a casa de meu tio. Estacionei na rua e caminhei até o quintal, no local onde o pé de limão costumava estar.

Sentei ali e passei a noite, estático.

Quando começou a amanhecer, olhei para o céu e abri a boca. Um fino ramo escorregou para fora.

No final do dia, meu tio ganhou um novo limoeiro.

- Dedos Azuis


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