Quando eu era pequeno eu quebrei um pé de limão.
Na verdade, eu e meu primo o matamos, mas a ideia foi minha.
O limoeiro nunca me perdoou. Seu espírito me seguia, obsessor. Me ameaçava, tirava meus sonos. Tentava me matar.
Ao longo dos anos nos desvinculamos, e ele parou de me atormentar.
“Não dá mais, desculpa! Eu sempre vou te amar… Mas não dá mais…”
O bilhete amarelado jazia sorrindo em cima da cama. Minha esposa fora embora durante a noite.
Peguei o carro e dirigi até a casa de meu tio. Estacionei na rua e caminhei até o quintal, no local onde o pé de limão costumava estar.
Sentei ali e passei a noite, estático.
Quando começou a amanhecer, olhei para o céu e abri a boca. Um fino ramo escorregou para fora.
No final do dia, meu tio ganhou um novo limoeiro.
- Dedos Azuis
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