quinta-feira, 9 de maio de 2013
Coragem
- Mamãe! Mamãe! – Giovanni gritou, antes de sair correndo para o quarto de seus pais.
- O que foi querido? – perguntou a mãe, em meio a um bocejo sonolento.
- Tem alguma coisa em baixo da minha cama, mamãe.
- Faça assim querido: tampe os olhos, conte até dez e então abra eles. Se continuar com medo, você volta correndo para cá, combinado?
Giovanni voltou andando para o quarto. A luz azulada da lua forçava o vidro da janela, marchando para dentro da casa, enquanto os passos do pequeno garoto retumbavam no carpete de madeira como bumbos de guerra.
Passou pela porta do quarto, e com seus pequenos dedinhos puxou o edredom, para depois se jogar na cama e enrolar-se todo nele, simulando um casulo.
Ele olhava vidrado para a porta do guarda-roupa, esperando o monstro sair dali.
E saiu.
Uma silhueta masculina, gemendo coisas ininteligíveis em meio a espasmos de urros, com um cheiro terrível de carne podre.
Giovanni tapou os olhos com as duas mãozinhas, fazendo o que a mãe havia lhe ensinado.
Ele nunca mais foi para o quarto da mãe, nunca mais contou até dez.
Ele nunca mais abriu os olhos.
- Dedos Azuis
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